Blog pessoal da Cris Autran

sábado, 11 de junho de 2011

Pauapixuna

Uma cantiga de amor se mexendo
Uma tapuia no porto a cantar
Um pedacinho de lua nascendo
Uma cachaça de papo pro ar
  
Um não sei que de saudade doendo
Uma saudade sem tempo ou lugar
Um saudade querendo querendo
Querendo ir e querendo ficar
Uma leira, uma esteira, uma beira de rio
Um cavalo no pasto, uma égua no cio
Um princípio de noite
Um caminho vazio
Uma leira, uma esteira
Uma beira de rio
E no silêncio uma folha caída
Uma batida de remo a passar
Um candieiro de manga comprida
Um cheiro bom de peixada no ar
Uma pimenta no prato espremida
Outra lambada depois do jantar
Uma viola de corda curtida
Nesta sofrida sofrência de amar
Uma leira, uma esteira, uma beira de rio
Um cavalo no pasto, uma égua no cio
Um princípio de noite
Um caminho vazio
Uma leira, uma esteira
uma beira de rio
Uma beira de rio
 E o vento espalhado na capoeira
A lua na cuia do bamburral
A vaca mugindo lá na porteira
E o macho fungando cá no curral
O tempo tem tempo de tempo ser
O tempo tem tempo de tempo dar
Ao tempo da noite que vai correr
Ao tempo do dia que vai chegar
 Uma leira, uma esteira, uma beira de rio
Um cavalo no pasto, uma égua no cio
Um princípio de noite
Um caminho vazio
Uma leira, uma esteira
uma beira de rio
 (Composição:: Paulo André/Ruy Barata; Intérprete: Lucinha Bastos) 
 (Fonte: Arquivo pessoal -  pôr do sol na Ilha do Mosqueiro - fev,2010)

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Pensata

Eterno é tudo aquilo que dura uma fração de segundos, mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força consegue destruir.
(Carlos Drummond de Andrade)
(Imagem: Arquivo pessoal)

quinta-feira, 9 de junho de 2011

A UM AUSENTE

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.
Antecipaste a hora.

Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?
Tenho razão para sentir saudade de ti,

de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.
Sim, tenho saudades.

Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste
(Carlos Drumond de Andrade)
(Imagem: Arquivo pessoal)

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Fiz Esta Canção

Pra que que eu vou cantar
se você não vai escutar
a voz do coração
deste compositor popular
não não não vou chorar
se bem que eu tinha razão
mas isso não é bossa nova
nem samba-canção
só quero que você
seja minha ouvinte
mas você não me dá ouvidos
então é o seguinte
fiz essa canção só pra você
mas pra quê?
se você gosta só de MPB
e eu sou puro
puro rock'n roll
com meus três pobres acordes
meu bem acorde
venha ver meu show
Fiz esta canção só pra você
Mas pra quê?
Se você gosta só de mpb
E eu sou puro
Puro rock n' roll
E eu sou puro
Puro rock n' roll
E eu sou puro
Puro rock n' roll
(Zeca Baleiro)
(Imagem: Arquivo pessoal)

terça-feira, 7 de junho de 2011

O que é amar?

Amar é soltar as amarras,
esquecer o egoísmo,
e rir e chorar
juntos. 
 (Anônimo)
(autoria da imagem: desconhecida)

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Poema do amigo aprendiz

Quero ser o teu amigo. 
Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso 
é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias...
(Pe. Zezinho)
(Imagem: Arquivo pessoal)


domingo, 5 de junho de 2011

Amizade

Escolho meus amigos não pela pele 
ou outro arquétipo qualquer, 
mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
(...) Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero o meu avesso.
(...) Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
(...) Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade 
sua fonte de aprendizagem,
mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos
Quero-os metade infância e outra metade velhice.
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto;
e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo, loucos e santos, 
bobos e sérios, 
crianças e velhos, 
nunca me esquecerei de que “normalidade" 
é uma ilusão imbecil e estéril.
(Oscar Wilde)